sábado, 10 de agosto de 2013

Resenha do livro 'Gélido' by Tess Gerritsen


Título: Gélido
ISBN: 9788501092328
Páginas: 368
Edição: 1ª
Editora: Editora Record
Ano: 2013

Sinopse: A médica-legista Maura Isles reencontra um antigo amigo da faculdade durante um congresso e resolver partir em uma viagem com ele e seu grupo. Porém, um acidente com o carro em meio a uma nevasca os leva ao inóspito e abandonado vilarejo de Kingdom Come, onde algo terrível parece ter ocorrido. Enquanto isso, a detetive Jane Rizzoli recebe a notícia do desaparecimento da amiga e decide investigar seu destino. Assim, enquanto tenta descobrir o que houve com Maura, embrenha-se em uma trama envolvendo uma misteriosa seita e seus segredos do passado.

Resenha:
Não há como descrever exatamente em palavras o quanto eu gostei desse livro. Tess Gerritsen, como escritora de thrillers médicos de suspense, só melhora a cada livro dessa série bem sucedida, e você vai se pegar virando uma página atrás da outra até ter devorado todo o livro e ficar com aquele gostinho de quero mais. Talvez, até mesmo um pouco depressivo por ter que se desapegar desse universo tão rico e seus personagens complexos e envolventes.

Tudo começa, quando a metódica e eficiente patologista Maura Isles viaja para Wyoming a fim de participar de um congresso e reencontra um antigo colega de faculdade, o impulsivo e otimista Doug. Cansada e desapontada com Daniel Brophy, cuja esposa, a igreja, os obriga a manterem seu relacionamento afastado da vista dos conhecidos e do seu rebanho de fiéis, ela acaba por aceitar o convite de Doug para esquiar com sua filha e alguns amigos. Maura só não contava que uma nevasca e uma falha no sistema de Gps os deixasse completamente isolados no meio do nada, quando o carro em que eles viajavam sucumbe as intempéries do mau tempo e atola na lateral da estrada.

Completamente isolados, sem sinal de celular e, ou qualquer perspectiva de conseguir ajuda, o grupo busca refúgio e acaba encontrando uma estrada que os leva a um estranho vilarejo, chamado Kingdom Come, com algumas poucas casas idênticas e abandonadas, como eles descobrem assim que começam a vasculhar uma delas. Maura consegue sentir que algo terrível acontecera naquele lugar, a ponto de obrigar seus moradores a abandonarem suas casas com as janelas abertas, em meio às refeições e deixando praticamente tudo para trás; desde animais de estimação aos carros estacionados nas garagens. Contudo, ao se deparar com pegadas, a médica descobre que algo, ou alguém está à espreita lá fora, os observando à distância; aguardando silenciosamente.

Os dias passam e quando a médica não retorna a Bostom, Brophy pede a ajuda a detetive Jane Rizzoli, da unidade Homicídios de Boston. Mas ela não lhe dá muita atenção a princípio, preferindo acreditar que, na verdade, a amiga esteja apenas dando um tempo para si mesma e tentando encontrar, talvez, nos braços de outro, aquilo que não encontra nos de Brophy. No entanto, ao receber uma ligação do detetive responsável pela investigação de um incidente ocorrido num despenhadeiro de uma montanha emWyoming, lhe informando que o corpo carbonizado de sua amiga fora encontrado, ela sabe que é hora de agir e descobrir o que levou a médica àquela terrível situação, para ela, inaceitável. Pois, conhecendo sua amiga como conhecia, ela tinha certeza que estando em poder de sua consciência, a médica jamais cometeria aquele conjunto de ações malfadadas e imprudentes que a levaram a morrer tragicamente daquela forma.

Jane começa a investigar o tortuoso passado de Kingdom Come e se depara com uma seita religiosa, cujas ações implacáveis e controversas de seu líder, a levam a crer que ele seja o responsável pelo trágico destino dos moradores daquele lugar. E enquanto novas e aterradoras revelações veem à tona, Jane é obrigada a encarar a terrível verdade a qual ela insistentemente se recusa a acreditar: a verdade por trás do trágico e assustador destino de Maura.

O livro é ótimo, como já mencionei no início, e não fosse alguns erros de revisão e até mesmo a escolha de palavras na construção de algumas frases ― eu havia me habituado à narrativa  do Alexandre Raposo ―, eu daria nota 5. Portanto, e por esse motivo, numa escala de 0 a 5, o livro leva 4 estrelas.

Espero que tenham gostado, e até a próxima.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Resenha do livro "Inferno" de 'Dan Brown'

Título: Inferno
ISBN: 9788580411522
Páginas: 448
Edição: 1ª
Editora: Editora Arqueiro
Ano: 2013

Sinopse: Neste fascinante thriller, Dan Brown retoma a mistura magistral de história, arte, códigos e símbolos que o consagrou em "O Código Da Vinci", "Anjos e Demônios" e "O Símbolo Perdido" e faz de Inferno sua aposta mais alta até o momento.

No coração da Itália, Robert Langdon, o professor de Simbologia de Harvard, é arrastado para um mundo angustiante centrado numa das obras literárias mais duradouras e misteriosas da história: O Inferno, de Dante Alighieri.

Numa corrida contra o tempo, ele luta contra um adversário assustador e enfrenta um enigma engenhoso que o leva para uma clássica paisagem de arte, passagens secretas e ciência futurística. Tendo como pano de fundo poema de Dante, e mergulha numa caçada frenética para encontrar respostas e decidir em quem confiar, antes que o mundo que conhecemos seja destruído.

Resenha:
Em sua mais nova aventura, Robert Langdon acorda em um quarto de hospital ferido e desmemoriado. Para piorar, ele está tendo alucinações recorrentes com uma bela mulher de cabelos prateados. Diante dela, estende-se um mar de corpos em agonia, ― alguns enterrados de ponta cabeça, com apenas as pernas aparecendo ―, uma cena digna do Inferno de Dante. Ao tentar fazer contato com a misteriosa mulher, ele sempre acorda antes de saber o que ela realmente deseja que ele faça. Contudo, sua mensagem é clara: Busca e encontrarás!

Busca e encontrarás! É exatamente isso que o professor faz, quando ele juntamente de Sienna Brooks, a jovem médica que o socorrera, encontram um pequeno tubo com lacre biométrico e o símbolo de risco biológico gravado em sua lateral e saem em busca de respostas. Uma vez que ao pedir ajuda do consulado com o objeto misterioso, o governo enviara uma assassina para matá-lo. Desesperado, e sem sabe o que fazer, o renomado professor resolve abrir o lacre e eis que encontra sua primeira pista que pode ajudá-lo a lançar luz sobre o que está acontecendo com ele: uma imagem do Mapa do Inferno, de Boticelli, uma famosa pintura inspirada na obra de Dante Alighieri.

Ao lado da médica superdotada, Langdon parte em uma jornada através de lugares incríveis de Florença, na Itália, em busca das respostas que ele precisa para salvar não apenas a si, como todo o mundo. Pois, como o renomado simbologista acaba descobrindo, o mundo jaz sob a ameaça de uma terrível peste, com potencial para extinguir boa parte, senão, toda a humanidade: Inferno. Um patógeno criado por alguém que se autodenomina "A Sombra."

Inferno é um livro muito bom, embora quem já conheça o trabalho de Brown tenha a nítida sensação de estar lendo mais do mesmo. Sim, Brown usou os mesmos elementos que o consagraram em outras narrativas. Langdon se envolve em um grave perigo; uma bela e inteligente mulher se junta a ele em sua busca; ambos são perseguidos por um esquadrão de soldados de elite, e por aí vai...

Eu gostei bastante do livro, pois apesar de tudo, o ritmo da narrativa é bem ágil e flui super bem. E tem também uma questão muito importante abordada no livro: como o mundo moderno lidará com as novas tecnologias e a questão da superpopulação. Então, pra quem é fã do Dan Brown e curte um bom thriller de suspense, eu super-recomendo o livro.

Por fim, numa escala de 1 a 5, o livro leva 4 estrelas.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Conto do Fantastiverso: Capítulo 3


 Para quem está acompanhando nosso megaconto, segue mais um capítulo. Enjoy it!


"Sete autores. 
Sete livros. 
Uma história."

Sinopse: O anjo caído Samael está reunindo um exército composto de criaturas sobrenaturais. Os anjos tentarão impedi-lo. Mas descobrirão que o único sentimento mais forte que a vingança é o amor...



Capítulo 3

Eu podia sentir o seu medo. O seu chamado silencioso ecoando em minha mente enquanto eu disparava à sua procura, com todos os meus sentidos vampirescos em alerta. Algo estava errado, muito errado. E tudo o que conseguia pensar naquele momento era em Ceci. Em protegê-la. Nem mesmo meu amor por Aaron conseguia suplantar o desejo de encontrar e salvar aquela criança.
À minha volta, o silêncio era ainda mais assustador. E enquanto eu corria em direção aos quartos das crianças, tentava absorver o máximo de informações possíveis na esperança de descobrir o que estava acontecendo. Porém, os únicos cheiros que captava com meus sentidos aguçados eram ainda os mesmos de antes. Não obstante, havia algo mais, eu também podia sentir um terrível e conhecido odor se espalhando pelo ar, empesteando-o... O horrível cheiro da morte.
— Ceci! — sussurrei, ao entrar em seu quarto. Temendo que se falasse seu nome alto demais, pudesse colocá-la em perigo.
As luzes estavam apagadas e sua cama encontrava-se revirada e vazia. E ao ver aquela cena, senti como se dedos gelados e implacáveis estivessem se fechando em torno do meu coração. Um calafrio percorrera minha espinha. Desesperada e atordoada, eu direciono minha atenção para o guarda roupas e corro até ele, apreensiva. E sem pensar duas vezes, rapidamente abro as portas. A menina salta em meus braços, assustada e tremendo de medo.
— O que foi? O que aconteceu? — eu pergunto, erguendo-a em meu colo, mas ela nada diz. Estava em total estado de pânico. — O que foi? — eu volto a perguntar.
Mas Ceci estava assustada demais e chorava sem parar. Ela tentara falar, mas não conseguira; as palavras lhe escapavam da boca, embaralhadas e sem sentido.
 — Shhh! — eu lhe fiz sinal para que se acalmasse e a embalei em meus braços tentando reconfortá-la. Porém ao invés disso, eu a vi arregalar seus enormes olhos verdes, e escancarar sua boca, aterrorizada.
— E-eles estão... — ela tenta me alertar.
Algo estava vindo nos pegar. Eu pressenti o perigo às nossas costas, e todo o meu corpo se inundara de adrenalina, à medida que meu sistema nervoso se preparava para reagir. Meu coração começou a martelar contra meu peito; tão forte que eu podia ouvir o meu sangue pulsando em minhas têmporas. Eu precisava salvar Ceci, ela era tudo o que importava naquele momento. Daria a minha vida se preciso fosse para salvá-la. Se ao menos Aaron estivesse ali para me ajudar. Se ao menos eu tivesse lhe avisado que sairia à procura de Ceci, ao invés de deixá-lo desacordado no motel onde nos instalamos, quem sabe agora ele estivesse ao meu lado, protegendo nós duas: eu e essa linda e indefesa garotinha. Mas, ao invés disso, ali estava eu em um dos quartos do abrigo do Padre Miguel com Ceci em meus braços apavorada, e me preparando para enfrentar a presença terrivelmente ameaçadora que se aproximava. Agora não havia mais como voltar atrás, era lutar ou morrer. E eu escolhi lutar. Lutar para salvar Ceci e, principalmente, para voltar para Aaron. Então, resoluta e cheia de coragem, eu me viro com Ceci em meus braços, e encaro nosso destino.
Eu acordei molhada de suor e o silêncio me acolhera. Fora um pesadelo então? Ceci estava bem, afinal. Que alívio, eu pensei, respirando fundo para recobrar o fôlego.
Eu me levanto e deixo o meu quarto. Toda a Casa das Tochas jaz em um silêncio inquietante, da mesma forma que antes. Apenas barulhos ocasionais de louça, oriundos da cozinha, chegam aos meus ouvidos. Mas, fora isso, o silêncio impera incólume em toda a residência; perturbador e asfixiante.
Aaron me deixara sozinha e saíra com Nestor e os outros vampiros, na esperança de descobrir o que Stéfano e seus comparsas estavam tramando. E eu fiquei para proteger Ceci e me recuperar dos traumas recentes que sofri quando saí em busca de resgatar a menina. Mas valeu a pena, faria tudo de novo, se assim fosse preciso. Apesar de todos os riscos e de quase ter matado a nós duas.
Enquanto caminhava pela casa, fui, aos poucos, me dando conta de que não estava mais na Casa das Tochas, e sim na Casa de Campo — a luxuosa e alternativa morada de Aaron e seu covil de vampiros. Uma terrível angústia se apoderara de todo o meu ser quando pensei no quanto aquela residência significava para ele. No quanto ele gostava de morar lá. E então, repentinamente e sem que fossem convidadas, lágrimas começaram a brotar em meus olhos e escorreram quentes, sobre minhas bochechas. E eu ainda tentava afastá-las quando ouvi um súbito farfalhar semelhante ao bater das asas de uma ave. Porém, muito mais intenso, como se oriundo de enormes ou gigantescas asas. O que me deixou intrigada.
O som da campainha tocando obrigou-me a me recobrar do meu torpor e eu direcionei minha atenção à porta, para onde me encaminhei a fim de descobrir quem era o nosso convidado. E qual não foi a minha surpresa ao ver que se tratava de um homem alto, de cabelos e olhos escuros, penetrantes, e semblante austero.
— Pois não — disse, erguendo uma sobrancelha para ele —, posso ajudá-lo?
— Eu posso entrar?
— Claro — assenti, relutante, enquanto me afastava para que ele entrasse. — Por favor.
— Obrigado — ele responde já se encaminhando para dentro da sala. Porém, ao passar por mim, eu senti uma vibração percorrer todo o meu sistema nervoso. Um instinto tão primitivo quanto o próprio tempo se ativara, fazendo um arrepio de frio percorrer a minha espinha e eriçar meus pelos.
Havia algo muito errado com aquele homem, ou aquela criatura. Pois, fosse ele o que fosse, de uma coisa eu tinha certeza: ele não era humano. Como eu logo descobriria.
— Então, quer tomar alguma coisa, uma água, um café talvez.
— Ruby... — ele dissera, sorrindo com um canto da boca. — Eu sei que você já sacou que eu não sou humano, então, acho que podemos pular essa parte.
Eu senti o sangue subindo através de meu pescoço e minhas bochechas se aquecendo. Além de um completo estranho, nosso visitante era também, muito ousado.
 — Certo — disse —, nesse caso, quem é você e o que veio fazer aqui?
— Eu vou ser curto e grosso, Ruby — ele respondeu. — O meu nome é Samael e eu vim para falar com o seu líder, o Aaron. Será que você pode me fazer o favor de ir chamá-lo?
Surpresa, eu aperto os meus olhos para ele, e então respondo: — Você vem até a minha casa e acha que pode me dar ordens? Eu ao menos te conheço? Por que, sinceramente, eu não me lembro de já tê-lo visto antes.
Ele sorri provocadoramente e responde: — Será por que nós nunca fomos apresentados?
— Agora chega, sai da minha casa agora, antes que eu perca a minha paciência. E querido... Acredite em mim quando eu digo — sinto minhas feições tornando-se ameaçadoras, a besta dentro de mim ansiando por emergir, e falo pausadamente: — você não vai querer me ver brava.
Em resposta, Samael gargalha debochadamente e se aproxima de mim.
— Ok, Ruby. Foi um prazer falar com você... Brincar com você. Agora, será que pode me chamar o seu líder? Minha conversa só diz respeito a ele.
Eu senti o sangue me subindo novamente, a raiva aumentando.
— O Aaron não está em casa. Seja lá o que for que tem pra falar com ele, pode tratar comigo mesma.
Samael gargalha novamente com escárnio.
— Com você?
— Qual é a graça? Você não tem educação não? Seus pais não te ensinaram a ter respeito pelas pessoas?
Em resposta, o semblante dele se obscurece e duas imensas asas cinzentas emergem em suas costas.
— Ruby, você não faz a menor ideia das forças que estão em movimento nesse momento no tabuleiro. Então, como disse, eu não vou perder o meu tempo discutindo assuntos, ou coisas de extrema importância, com você.
O anjo caído me vira as costas e afasta-se em direção à saída.
— Eu não serei ignorada dessa maneira! — bradei, e usando minha velocidade vampiresca atravesso na frente do anjo. — Você vai falar comigo de qualquer maneira agora.
— Saia da minha frente!
— Não!
— Não me obrigue a forçá-la — avisa ele, seus lábios comprimindo-se para formar apenas uma linha levemente avermelhada.
— Eu já fui considerada uma rainha, não serei humilhada dessa forma!
— Você se acha realmente especial, não é? — ele caçoa. — Deve ser por conta desse seu sangue amaldiçoado que corre em suas veias e que permite que um monstro como você perambule por aí em pleno dia.
Quando dera por mim, meu punho já o havia arremessado para longe, pegando-o de surpresa.
— Sua vadia! — exclama ele —, como você ousa? — seu rosto tornara-se uma máscara obscura.
O anjo partira para cima de mim, mas eu rapidamente desviei de seus ataques. Seus socos encontravam apenas as paredes e o assoalho, o que fora aos poucos, destruindo toda a mobília da sala e os quadros que até ainda pouco, ornamentavam as paredes da sala.
— Não pode me pegar — eu provoquei —, mas eu sim. — eu rapidamente me posicionei atrás dele e agarrei suas asas, impedindo-o de voar.
— Há, acha que basta isso para me conter? — ele interroga — Eu era um comandante celestial, sua rameira.
Meus sentidos ainda tentaram me alertar, porém já era tarde demais. Poderosas rajadas de energia se dispersaram do corpo do anjo e me atingiram, não uma, mais várias, centenas de vezes, enquanto meu corpo era projetado para longe, só se detendo ao se chocar contra o teto para, em seguida, se esborrachar no chão.
— Nunca mais ouse me desafiar novamente vampira, ou então, eu não serei tão misericordioso quanto hoje — ele me alerta.
— Não! — eu exclamei, furiosa —, eu nunca mais o desafiarei novamente... — pois eu vou matá-lo! — Novamente eu me lancei contra o ex-celestial e novamente fui barrada em pleno ar.
Energias incandescentes crepitavam de seus dedos, paralisando todos os meus músculos, e impedindo que eu me movesse. Não conseguia pensar direito também, pois havia a voz... A voz dele estava dentro de minha cabeça, me sussurrando coisas, relatando terríveis verdades primitivas que ninguém deveria ter ciência, pois estavam além do conhecimento humano, bem como do meu.
Subitamente, enquanto o anjo me torturava, uma corrente de ar gelada começou a circular ao nosso redor. Sua força foi gradativamente aumentando e o anjo desviou sua atenção de mim para se voltar para uma garotinha que se aproximava de nós com os braços levemente erguidos ao lado do corpo e recitando palavras, preces em uma língua que eu jamais havia ouvido antes. E seus olhos... Os olhos dela brilhavam, incandescentes em meio ao transe. O que Ceci estava fazendo?
— Ceci não... — eu gritei para ela, em alerta — Saia daqui agora.
A menina não me ouviu e continuou falando no mesmo dialeto estranho, detendo-se a alguns metros de mim, que ainda estava sob a influência de Samael.
— Sai da minha cabeça, bruxa! — eu ouvi o anjo gritar pra Ceci.
Ao invés disso, ela erguera os braços e a ventania se transformou em um ciclone no meio da sala, arrastando tudo em seu caminho, relâmpagos atravessaram o corpo de Samael e ele gritou em agonia, finalmente me soltando.
— Ceci, pare! — eu gritei novamente, tentando despertá-la do transe. Contudo, ela mantivera seu ataque, os olhos ardendo em uma fúria desmedida, vidrados.
Samael continuava gritando, seu corpo se transformando em um facho de luz, que aos poucos foi se desintegrando, até desaparecer em meio a um clarão luminoso. Só então os olhos de Ceci se apagaram e seu corpo diminuto caíra ao chão, desfalecido. Eu corri até ela e a peguei em meus braços.
— Ceci — disse —, acorda!
Com esforço, ela abre seus imensos olhos verdes para me encarar, como se acordando de um sonho.
— Agora estamos quites — ela diz com sua voz infantil.
— Quites?
— É, você me salvou dos homens maus e agora eu salvei você daquele demônio.
— Como você fez aquilo? Poderia ter morrido.
— Eu precisava salvar você, então entrei na mente dele e conjurei aquele encantamento. Estava tudo lá, na cabeça dele.
— Nunca mais faça isso de novo, está me ouvindo? Nunca mais.
Ela nada dissera, apenas me abraçara com força. E naquela hora, só Deus poderia saber o quanto isso bastava. Eu mais uma vez agira por impulso e coloquei não apenas a minha, mas também a vida dela em perigo. E, por motivos desconhecidos, quis o destino que fosse a própria Ceci a salvar nossas vidas dessa vez. Aaron logo mais chegaria e eu muito teria que explicar a ele, bem como enfrentar a desconfiança e o repúdio de Nestor também. Mas, em face do que acabara de acontecer, eu consideraria isso um bônus; uma punição por novamente me deixar levar pela raiva e não pela razão. Afinal, o que poderia o ancião e mentor de meu amado fazer, que eu já não tivesse lidado antes?

terça-feira, 21 de maio de 2013

Resenha de "O Ritual de Jess Anitelli"


Autor: Jéssica Anitelli
Gênero: Romance,Ficção
ISBN: 9788582180839
Nº de páginas: 380
Dimensões: 14x21

Sinopse: Será mesmo certo um humano conviver tão próximo ao seu maior predador?
Júlia pensava que seu amor por Diogo era maior que tudo e que a partir daquele momento as coisas se ajeitariam e eles, finalmente, poderiam ficar juntos.
Será mesmo?
O Conselho dos vampiros não deixará a pobre garota em paz, pois ela carrega consigo a maior arma de eliminação da sua espécie.
E se não bastasse essa perseguição que a deixa transtornada, há também Marta, que continuará a mexer com as emoções do jovem vampiro de olhos verdes e da menina ruiva.
Observando tudo de cima está Henrique, que não abandonará o corpo de seu parente até que o ritual seja realizado e assim possa voltar ao que era há mais de 100 anos.
Mas até que isso aconteça, este vampiro que não possui dentro de si nada de humano, causará conflitos e dores.
O segundo livro da série promete arrebatar o leitor do começo ao fim e levá-lo a manifestar sentimentos dos mais variados.

Resenha: O Ritual é, sem sombras de dúvida, um livro de transição, onde a cada página, a cada capítulo, a autora Jess Anitelli vai nos conduzindo em direção ao rumo que cada personagem tomará, nesse, e nos dois últimos livros da série.
O Ritual começa exatamente onde O Punhal terminou, com suas personagens ainda sob o efeito dos acontecimentos ocorridos no primeiro livro. Vemos uma Júlia fortemente abalada e carente da proteção de seu namorado vampiro, mais que nunca. Este, por sua vez, está tentando amadurecer em face às coisas terríveis que recaíram sob o covil de Augusto e o fato de que, muito em breve, poderá ser pai. Por outro lado, resistir à beleza sobrenatural de Marta ainda é algo quase impensável para o jovem vampiro de profundos olhos verdes. E aos poucos, a cada capítulo, o futuro desse triângulo amoroso vai se desnudando e nos levando a uma reviravolta surpreendente.
Também nesse livro, finalmente acontece o ritual para trazer Henrique de volta, como o próprio título já sugere, e nos deparamos com o surgimento de novos e aguardados personagens. Como é o caso de Miguel, o líder do Conselho Nacional de Vampiros, cujas habilidades, podem ser as únicas capazes de fazer frente às de Augusto.
Qual o futuro dos vampiros do Leme? Augusto se renderá à vontade de Miguel, ou este terá que destruí-lo juntamente com todos os outros vampiros e da própria Leme?
Eu gostei bastante do livro, a escrita é simples e fluída e seu acabamento também é muito bom. Os fãs do gênero, com certeza, não se arrependerão. E sendo assim, numa escala de 1 a 5 estrelas, o livro leva 4. Ou seja, é muito bom.


Ou diretamente com a autora através do endereço: http://jessicaanitelli.blogspot.com.br/p/contato.html

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Conto do Fantastiverso - Capítulo 2



Nesse capítulo, temos novamente Samael, do livro Limiar de 'Elaine Velasco', dessa vez "contracenando" com Ariel, do livro O Ceifeiro de 'Al Gomes'. Divirtam-se.


Capítulo 2

Empoleirado sobre o teto do Masp, Samael observa a metrópole adormecida. Absorto em pensamentos, nem mesmo a tempestade que assola a cidade parece incomodá-lo. Apenas a chegada de um ser feito de pura energia, que aos poucos toma a forma de um homem com imensas asas é capaz de fazer com que ele mova a cabeça para a direita. Entretanto, ao constatar sua identidade, ele volta à sua apatia e sua posições iniciais, limitando-se a cumprimentar o visitante:
- Olá Ariel.
- Boa noite comandante.
- Não sou mais seu comandante há milênios, Ariel.
- Porém, jamais deixei de respeitá-lo Samael, por tudo que passamos juntos quando liderava o exército dos ceifeiros.
Samael soltou um suspiro entediado.
- Afinal, o que o traz até aqui velho amigo? Sei que não se trata de uma visita cordial.
- Sei o que está planejando Samael, e muitos de nossas hostes também o sabem. Vim pedir para que pare. É loucura, não vai dar certo.
- E que escolha tenho eu Ariel? Se nosso Pai me deu as costas e estou agora preso nessa guerra entre Ele e Lúcifer? Já sofri demais por não tomar partido.
- Sei que não é isso que o motiva. De verdade.
O silêncio imperou entre os dois por longos instantes, até que o antigo comandante o quebrou:
- Quem é você para me julgar Ariel? Bem sei que andas envolvido com aquela humana, aquela cuja alma deveria ceifar...
- Como sabes disso?
- As notícias correm, meu irmão. Toma cuidado.
- Não é o que estás pensando.
- Não? Já vi muitos anjos caírem Ariel, sei bem como tudo começa...
-  Acaso refere-se a Leuviah? Ele já vinha se corrompendo há muito tempo...
- Não fale desse maldito diante de mim! – dizendo isso, o anjo de asas cinzentas pôs-se em pé, punhos cerrados encarando o antigo companheiro.
- Acalme-se Samael, não vim reabrir velhas feridas. Só vim avisar-lhe.
- Pois então, fica também você com um aviso: Se continuares pelo caminho que estás trilhando, logo estarás ao meu lado, lutando contra as legiões de nosso Pai, logo serás mais um anjo caído.
Tomado de assombro pela severidade das palavras emitidas pelo antigo comandante, Ariel enrolou-se em suas asas e transformou-se numa imensa bola de energia que sumiu nos céus tão rapidamente quanto havia surgido.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Conto Bônus

Queridos leitores, nós do Fantastiverso, estamos preparando muitas surpresas para todos que acompanham nosso trabalho. Para 2014, estamos preparando uma antologia com um conto de cada um de nossos autores, a fim de divulgar nosso trabalho. O livro será organizado por mim e publicado pela Editora Literata. Com vistas a este trabalho, também estamos escrevendo um "conto bônus", escrito por 7 dos autores integrantes do grupo, envolvendo nossos 7 livros e seus personagens. É uma forma de divulgar não apenas nosso trabalho, mas também nossas obras e nossa futura antologia. Esse conto bônus será publicado em diversos blogs e sites, inclusive aqui, semanalmente.


"Sete autores. Sete livros. Uma história."

Sinopse: O anjo caído Samael está reunindo um exército composto de criaturas sobrenaturais. Os anjos tentarão impedi-lo. Mas descobrirão que o único sentimento mais forte que a vingança é o amor...

Gostou da proposta? Então confere aí o primeiro capítulo dessa história fantástica que traz Samael, um personagem do livro 'Limiar' de Elaine Velasco e Diogo e os demais vampiros de seu covil do livro 'O Punhal' de Jéssica Anitelli.


Capítulo 1

Mesmo antes de abrir a porta, Diogo já podia sentir a enorme força que emanava da criatura atrás dela. Colocou a mão na maçaneta e a girou devagar, sem saber o que o esperava. Deparou-se com um homem alto, esguio, de cabelos negros e olhos azuis que o fitavam com interesse.
- Boa noite. Você deve ser o Diogo.
- Sim, eu mesmo. Desculpe, mas eu te conheço?
Abrindo um meio sorriso, ele se apresentou: - Creio que não. Meu nome é Samael. Quero falar com Augusto.
Se antes Diogo já estava com um péssimo pressentimento, isso apenas se agravou ao ouvir o estranho mencionar o seu nome e o de seu mestre. Eles nunca recebiam visitas, apenas dos humanos que os serviam, mas jamais de outras criaturas sobrenaturais, quanto mais uma daquela magnitude. Diogo não sabia exatamente o que aquele homem era, mas sabia que não era humano, nem vampiro, mas algo muito, muito mais poderoso. Ele que há pouco se acostumara com a existência de vampiros, jamais imaginou encontrar outra espécie ainda mais poderosa que a dele e isso o amedrontava.
- Não vai me convidar para entrar?
Diogo hesitou por um instante, perguntando-se se aquilo era sensato.
- Ora Diogo, se eu quisesse, já teria invadido a casa e destruído todos vocês, você sabe disso. Vim em missão de paz. – dizendo isso, o homem mexeu os ombros e duas enormes asas cinzentas surgiram em suas costas.
Aquela visão deixou Diogo completamente estarrecido.
Um anjo! – pensou consigo – Caraca, agora fudeu!
- Co-co-co-mo sabe o meu nome?
- Eu sei muitas coisas sobre você Diogo, coisas que nem mesmo você sabe. Conheci Henrique, de quem você herdou esses belos olhos verdes e conheci também os planos que ele teceu para você.
- O que?
Foram interrompidos por Samantha, que assomou à porta, querendo saber com quem Diogo conversava. Ao deparar-se com o anjo, pôs-se a analisá-lo por um instante, em seguida abriu um sorriso malicioso e o cumprimentou:
- Samael, há quanto tempo! Veio ver Augusto?
- Sim Samantha, poderia chamá-lo para mim?
- Claro, entre, por favor.
Diogo saiu da frente da porta, dando passagem para o estranho entrar. Agora estava ainda mais intrigado com a presença daquela estranha criatura na casa que ele dividia com outros 16 vampiros.
Quando o anjo chegou ao centro da sala, já estavam reunidos ali todos os companheiros de Diogo, exceto Augusto que agora surgia no alto da escada, precedido por Samantha.
- Samael, que bons ventos o trazem? – saudou o líder do grupo.
- Receio que não sejam bons os ventos que me trazem Augusto. – respondeu o anjo, com um ar pesaroso.
- Tenho ouvido rumores. Veio dizer-me que eles são verdadeiros?
- Receio que sim.
- Venha até meu escritório, lá poderemos conversar em particular.
O anjo atendeu ao convite de Augusto e o acompanhou até a porta que o outro indicava, enquanto 15 pares de olhos curiosos acompanhavam seus passos. Assim que a porta se fechou atrás deles, Diogo virou-se para Samantha e a cobriu de perguntas, que os demais acompanhavam interessados:
- Quem é ele Samantha? Ele é um anjo? Você o conhece? O que ele quer com o Augusto?
- O nome dele é Samael, como você já sabe. Ele é um anjo caído, antigo braço direito de Lúcifer, antes da Grande Queda. Poderia dizer que ele é o nosso “pai”.
- Pai?
- Sim. E quanto ao que ele quer com Augusto, creio que não gostaremos nem um pouco da resposta...